quinta-feira, 11 de junho de 2009

GALOPE DE FLOR














Quando quero fugir das garras do mundo,
transformo em canoa as lembranças de outrora
e saio singrando saudades à fora
vivendo emoções de um passado fecundo
e o meu coração, albatroz vagabundo,
desperta, abre as asas e põe-se a voar
pela noite estrelada, planando ao luar!
E a minha canoa, de sonho e papel,
cavalga nas ondas qual bravo corcel,
galope de flor sobre as ondas do mar.
A minha canoa tem nome de flor,
bonita e altaneira Flor do Cajari!
É nela que guardo emoções que vivi:
retalhos da infância, de risos, de dor,
caminhos floridos, momentos de amor.
Então se a saudade vem me atormentar,
eu abro a janela e me deixo levar...
E nesse momento de extrema magia
meu ser se transforma em tropel de poesia,
galope de flor sobre as ondas do mar!
Em cada viagem carrego comigo
a voz do meu povo, a cor do meu chão,
o amor e a esperança na eterna ilusão
de um mundo mais justo, fraterno e amigo.
E sobre as marolas da vida eu prossigo,
se o sonho é possível, por que não sonhar?
Dedilho a viola e me ponho a cantar!...
Marujos forjados ao som dos banzeiros,
meus versos cavalgam, alegres, faceiros,
galope de flor sobre as ondas do mar.
Dirão, com certeza: o poeta está louco!
Mas louco, de fato, é quem não tem coragem
de um dia, na vida, empreender tal viagem
e às vozes do mundo fazer-se de mouco,
gritar poesia sem temer ficar rouco,
sem pejo, sem culpa, sem medo de errar.
Portanto, dê asas ao verbo sonhar,
embarque, depressa, na minha canoa
e vamos vogar por aí, numa boa,
galope de flor sobre as ondas do mar.

( Dr. Antônio Juraci Siqueira - Poema premiado na II Mostra de Literatura do Servidor Estadual )

Nenhum comentário:

Postar um comentário